Corcundas da Infeli.Cidade

23:14

blog Estou na Noia

Muitos passos, poucos olhares. As pessoas estão cada vez mais corcundas. Andam a olhar apenas seus pés, por onde pisam. Usufruindo da tecnologia que vira a máquina do tempo em um retrocesso.

Muitas bitucas no chão e dentes amarelos. Café e cigarro é rotina dessa gente — antes, durante e depois — pra segurar o tranco do peso do mundo nas costas; novamente: estamos cada vez mais corcundas, carregando pesos, doentes e desfalecidos.

Diversas síndromes, transtornos e neuroses. Um pacote de ansiedade, gastrite e insônia. A juventude tem seus corpos acabados precocemente e o ar já não me parece puro. Humanos doentes e dissimulados. Doentes e egocêntricos. Os bares e terapeutas nunca lucraram tanto. Nem o tráfico e a polícia.

E a arte, feita muitas vezes por sentimento fúnebre, já não soa tão bela, pois não há o amor recíproco diante a sua magia. Há o vírus banal, o interesse por ser comercializado. Rótulos, propagandas. Afinal, fica mais fácil não ser o que se é. O preço de banana.

Assim seguimos: vivendo a rotina robótica, vestindo as mesmas roupas, tatuando as mesmas simbologias inexistentes e carregando traços que lembrarão desse lugar, dessa época neurótica ou, sendo mais direto, a era de seres enfermos que apenas sobrevivem em suas farsas para poder respirar. Nos tornamos iguais de tanto querer ser diferente.

E eu já não sei o que fazer, pra saber o que devo fazer com a minha vida nesta vida.

You Might Also Like

0 Comentários

FALA MEMO!

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Escrevo aqui também

Subscribe